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segunda-feira, 20 de maio de 2013

CIDADÃO MANIPULADO!!!!


Por Kelli Pierini
No escritório, ouve-se um ruído que anuncia um novo recado na caixa de mensagens, a informação é incorporada e ganha espaço na credibilidade do jornalista por se tratar de uma fonte oficial, o release foi enviado pela assessoria de imprensa de um dos principais meios de comunicação da cidade, portanto, sem pensar duas vezes, ele prepara a matéria e minutos depois ela já está circulando pela rede.É  a voz oficial afirmando o que realmente acontece. Esses são os olhos que desaprendem a ver, ouvidos que desaprendem a ouvir, mãos que desaprendem a escrever, há um sujeito sem predicado dentro de uma gramática sem significante e significado. São vozes constituídas pelos clamores oficiais, estes que são identificados como “verdades” absolutas dentro daquilo que entende por “imparcialidade”.
Para muitos jornalismo é sinônimo de crítica, fiscalização, investigação e denúncia, um dos caminhos para mudar socialmente o mundo, como afirma o jornalista da revista Caros Amigos Fernando Evangelista “é preciso ter coragem para se comprometer, para dizer o que se vê e o que se sente, sem medo e sem manuais”. Porém na atualidade os apuradores dos fatos esqueceram de ouvir, de ir as ruas e perguntar o quê? Onde? Como? Porque  e quem? O tempo é outro, o mais simples deixou de ser importante, o protagonista virou coadjuvante, o contexto, a descrição, o delicado e o diferente estão ainda mais invisíveis, são vozes anônimas, perdidas e sem credibilidade. Sair às ruas cansa, o sol é quente, as pessoas são iguais com problemas iguais de intensidades iguais e mostrar aquilo que o discurso oficial não fala causa constrangimento, como ressalta Evangelista “o mais revoltante é que perdemos nossa capacidade de nos revoltarmos”. O jornalismo encontra-se em uma zona de conforto e se satisfaz com essa mediocridade que lhe é oferecida. É muito mais seguro estar no escritório esperando o release chegar. O Jornalista deve estar nas ruas onde as cosias acontecem, nos lugares onde as pessoas não estão. Evangelista a firma que “o grande barato de ser repórter é não saber o se vai encontrar, tem que romper o preconceito, sujas os sapatos. Porém, agora a única preocupação do jornalismo das grandes mídias é evidenciar aquilo que da IBOPE, a história não vale se não é um show.
A vida se tornou comum por que os interesses são comuns, o poder é base, esqueceu-se que o mais inusitado dos acontecimentos não está em um escritório, nem nos releases que lotam as caixas de entrada, como enfatiza Evangelista “alguns jornalistas ainda não descobriram que o lado mais fascinante da história não acontece nos palácios ou nos discursos oficiais”. O que nos tornam cidadãos são as vivências, as experiências que adquirimos enquanto sujeitos. As “verdades” são mascaradas pela faculdade de quem pode controlar as informações e os contextos, tudo que se tem são discursos oficiais, a voz do poder de quem pode manipular aquilo que se quer que seja dito. Mostra-se uma sociedade que se contenta com a reprise do Império romano a política o pão e o circo.

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